Vinho da Alma

Escrevo 
Na poesia do copo, 
o vinho da Alma... 


Rita Pea, 2014

Árvore de Fruto...

És árvore de fruto 
Que nasce na minha boca. 
Fresca, deliciosa... 
assim se derrete 
em prosa, 
a palavra 
nos meus lábios... 


Rita Pea, 2014

Puro...

Desejo-te Tanto! 
Ter todo o teu corpo nas minhas mãos e escrever no mar,
o silencio dos sentidos... 


Rita Pea, 2014

Caminhámos...

Caminhámos na mesma direcção. 
Trouxeste na tua voz,
a melodia do tempo... 
E a poesia, por instantes
em ti, fazia sentido... 
Então... 
Guardei em mim,
em segredo... 

... o rio que nos atravessou. 


Rita Pea, 2014

Escuto o Vento...

Escuto o vento 
Chorar as palavras 
Caídas na chuva... 
Desidiosa , 
Escrevo o silencio...  
E sinto-me adormecer 
na fragilidade do Tempo... 


Rita Pea, 2014

Avesso de Mim...

Resta-me o avesso da Alma que agora se dispersa, agora, diante dos meus olhos. 
Quanta cobardia... me invade neste momento. Perdi verdadeiramente o caminho trilhado pelas nossas mãos, as inúmeras viagens nos corpos sedentos de muito. De mais. De cada vez mais. De tanto. De Ínfimo. De Intimo... em nós. Vagueio em sentido dextrogiro de mim, mesma...   

Rita Pea, 2014

Encontro-me...

Encontro-me assim, Nua. 

E assim permaneço até ao fim... 

Espero que me devolvas a poesia, 
as palavras, os sonhos, 
a vida, o desejo de impossível, 
o mundo, o tempo... 

... e o teu corpo para amar eternamente. 



Rita Pea, 2014

Guardo nas mãos...

Guardo nas mãos, o Tempo. 
Não Amor, não te devolvo o mistério dos instantes... 
Ficam para mim. Sim, sou Egoísta!  Quero-te só para mim. E sim, invejo a lua que te embala à noite, o rio que te leva a poesia no olhar, o sol que te aquece a alma, o vento que te beija... e o mar que é dono da imensidão dos teus segredos. Sim... Eu queria poder ser o Tempo, para ter em mim, cada segundo teu... eternamente. 


Rita Pea, 2014

Verdade!

Para escrever poesia, preciso de Amor. 
Das mais variadas formas. 
Exactamente como o relógio
precisa dos ponteiros
para marcar o tempo... 


Rita Pea, 2014

A Inveja...

A inveja
é uma sombra perniciosa.
Que sufoca os nossos sonhos, em silencio... 
Misteriosa. 
Fraca. 
Alimenta-se dos resquícios de Luz 
que nascem dentro de cada um de nós... 
Subtilmente, 
por detrás de um olhar deletério 
Escreve em segredo, 
o veneno em verso.
E sopra ao vento, 
a frustração do que desejaria 
um dia, Ser... 


Rita Pea, 2014

Foste o Rio...

Foste...
o Rio
que ancorou
no meu corpo, 
as margens do Tempo... 

Rita  Pea, 2014

Morro...

Morro Lentamente 
a cada suspiro da noite
que me desfaz em poesia... 

Rita Pea, 2014

Escrevo-te...

Escrevo-te em segredo

A fragrância do pecado

A deslizar pelas minhas palavras…

E como desejo beber do teu corpo,

A sombra da lua…


Rita Pea, 2014

JaZ

Jaz 
Aqui, neste instante 
o pecado que flui 
pelas pétalas do meu pensamento... 

Dissipa-se no silencio 
a poesia do teu corpo 
E
Nos meus lábios 
ávidos de fantasia, 
Desce a lua, o rio, o segredo inconfessável... 

Ter-te, pertencer-te 
a cada palavra, nua

para sempre... 


Rita Pea, 2014

Tempestade

Para lá da minha janela, chove. Chove muito. 

O vento saiu à rua e apoderou-se das árvores, dos telhados das casas, dos carros, dos postes de electricidade e mantém-se imponente… Até a chuva se deixou envolver e estou diante de uma tempestade.

No entanto creio que a verdadeira tempestade está dentro de mim. 

É no mais profundo, no mais secreto dos meus sentimentos que reside o caos. Não é pretensão minha. Nem exagero meu. É que encontro nas palavras, um sentido. Um caminho. Uma voz, que subtilmente por agora se silencia…  

Rita Pea, 2014 

Pedido

- Quero Amor! Não me importa se estás, aqui ou não. Estou cansado do teu corpo vazio de sonhos. Já não acredito na poesia do teu olhar…

- Então porque queres Amor?

- Perdi algures a plenitude. Preciso de recuperá-la para me reconstruir… Preciso reerguer o caminho das palavras, a ternura, o prazer de te ter em mim. Não me faças mais perguntas. Guarda-me em segredo. Guarda-me no silencio dos teus lábios, para sempre…

Rita Pea

05/02/2014

Alimento

Encontro no teu olhar,

O rio das palavras que me encantam…

Na tua voz,

O desejo de amor…

Nas tuas mãos, ainda em flor

O silêncio

A ganhar vida…

A lua a deslizar pelo teu corpo

Sedento de mar

E nos teus lábios,

Adormeço na poesia a flutuar…   

Rita Pea, 2014 

"O Grito"

Escrevo-te as palavras

Mais sinceras, que durante muito tempo

Guardei nas cartas que nunca te escrevi…

Hoje, o sol nasceu.

E senti-me livre, verdadeiramente em paz.

A minha alma, voou plena…

O meu pensamento, agora, já não tem o teu nome,

Tem apenas a lembrança do amor que nasceu, cresceu e deu frutos…

Frutos deliciosos, que os nossos corpos

Já não sabem saborear…

No meu olhar, já não está a paixão do teu sorriso

Nem os versos de desejo, com que me sonhaste em Ti…

Hoje, estou eu, Amor!

Somente eu.

Amor, Porque fizeste parte de mim,

Num tempo em que foste eterno…

E neste momento,

Jazem contigo, os meus sonhos.

Deixo-me imbuir em Luz,

Em esperança de uma nova jornada…

Que começa

Neste novo  instante… 

Rita Pea, 2014

"Senti a Lua Brilhar..."

Senti a lua brilhar. 
A noite que nos embalou os sonhos... 
Escrevi no teu corpo, 
palavras de desejo em flor, 
Caminhei pelos rios, Fantasia! 
Dissipei-me em pétalas de amor... 


Rita Pea, 2014

Um Desejo!

Quem me dera ser Lua 

para levar-te nos beijos, 

os sonhos da noite... 





Rita Pea, 2014

Penso...

Somente hoje, 
O tempo trouxe-me mais um pedaço de luz. 
Flutuo, em Sonhos! Sinto-me nascer em poesia, a todo o instante... 

Rita Pea, 2014

Constatação

Há palavras que nos despem... 
Nua... Te sinto,  
E o amor surge maior que o tempo, 
Maior que a vida... 

Rita Pea, 2014

"Não te admito que..."

“Não te admito que…”

Me roubes o sonho! Jamais, nem a ti, nem a ninguém. O que restaria de mim, depois da dignidade? Sim. A dignidade. Porque nada mais me trás dignidade do que o meu Sonho… Aquele pedaço de impossível em que o meu olhar se delicia no tempo. A poesia da vida que desliza pelo meu pensamento e se desfaz em palavras nas folhas nuas de tinta… Quando escrevo para ti, sonho! Sonho sempre. Porque me trazes nos lábios a liberdade que me permite sentir a plenitude na Alma. Nas tuas mãos transformas a Lua em silêncio e no teu corpo, adormecem pétalas de luz em fantasia… Por isso me permito sonhar. Permito-me viver e escrever o sonho. Permito-me ser Eu. 

Rita Pea

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Este texto foi escrito para um exercício de escrita criativa, 2014

"Abriu a carta e leu..."

“ Abriu a carta e leu…”

As palavras mais amargas da saudade escritas com a poesia das lágrimas… Finalmente a angustia em que vivia imbuída por tanto tempo, findara de uma forma cruelmente doce... Sentada, no baloiço recorda o momento em que entregou a sua vida nas mãos do poeta que lhe encheu o olhar de sonhos e o sorriso de esperança. Era jovem, tinha um ar cândido e uma doçura que encantara qualquer ser humano. Assim que se olharam a primeira vez, amaram-se eternamente! Amaram-se intensamente! E para sempre… Aprendeu que não eram apenas os corpos que se amavam, mas sim que o encontro das almas lhe trazia a plenitude que há muito desejava sentir… O por do sol lentamente chegou. Colheu no jardim, amarílis brancas que tanto adorava e voltou a sentar-se no baloiço. Ouviu a melodia do silêncio. Nas suas mãos, refletem-se pedaços de luar, que deslizam pelo seu corpo, adormecido no tempo…    

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Nota:
Este texto foi realizado em exercício de escrita criativa, 2014.