sábado, 17 de outubro de 2015

Anteros



Deitei-me lentamente sob o teu corpo,
Para saborear o vinho
que deslizava como um rio, na direcção dos meus lábios.
Ergueste a taça, para o brinde.
Degustei. Bebi.
Saciei a minha sede.

Era noite.
A lua embriagou-nos de desejo.

Devorámo-nos. Desfolhámos as palavras e os gritos.
Germinámos a esperança, mordemos o Sonho.
Deu-se o Holocausto.

A hora arrefeceu.
A alma renasceu.
Deu-se o Outono, nos meus versos…



Rita Pea, 2015




Escondi o teu poema...

Escondi o teu poema,

na sombra que invadiu a minha alma,

com a chegada do crepúsculo.

Não quis que ninguém,

roubasse as palavras que escreveste

só para mim.

Assim, a qualquer momento,

Posso amar-te, amar-te eternamente,

mesmo que seja em pensamento...




Rita Pea, 2015

O meu coração partiu...

O meu coração partiu.

Foi com o vento para longe.

Libertou-se das amarras do meu corpo

para viver livre...

Foi descansar no rio,

deitado num mangal,

onde acabou por adormecer a fome de uma fragata.



Rita Pea, 2015