quinta-feira, 21 de novembro de 2013

"Entardeceu"

Entardeceu. Lembro-me dos teus passos até chegares a mim. Chegaste. Olhaste-me na profundidade dos meus olhos e eu senti-me completamente nua. Sim, é verdade. Prendeste-me a respiração e o silêncio imperou nos nossos corpos. Sedenta de mim, percorres-me sem pressa e saboreias cada pedaço meu… Senti-me o próprio céu a ser beijado pelas nuvens. Tocaste-me lentamente os seios na descoberta do mistério do tempo. E o fogo inundou-me a alma… Cada segundo nos teus braços era como o sabor de um vinho frutado que desliza pela garganta e nos faz flutuar… Sim, é esse o verbo: Flutuar! E tudo o que vivi contigo naquele momento. Lembro-me do teu corpo dançar em torno do meu, como o vento que me embala… Recordo-me da poesia da tua boca na minha e de abraçarmos a Lua. Gritei, gemi, morri exausta de tanta vida invadir-me da forma mais voraz. Senti um vendaval arrasar-me numa onda de tanto amor. Senti o pecado perseguir-me no pensamento e vivi contigo resquícios de sonhos que hoje já não existem… tal como tu. 

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